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segunda-feira, 14 de março de 2016

Berimbau


O berimbau(brasil) ou hungo(angola) é um instrumento de corda de origem angolana , também conhecido como berimbau de peito em Portugal ou como hungu em Angola e em grande parte do continente africano. 

Em Angola, também é conhecido por m'bolumbumba e é utilizado entre os quimbundos, ovambos, nyanekas, humbis e khoisan.

Este instrumento foi levado pelos escravos angolanos para o Brasil, onde é utilizado para acompanhar uma dança/luta acrobática chamada capoeira.

No sul de Moçambique, tem o nome de xitende.

No Brasil, também é conhecido por urucungo, urucurgo, orucungo, oricungo, uricungo, rucungo, ricungo, berimbau metalizado, gobo, marimbau, bucumbumba, bucumbunga, gunga, macungo, matungo, mutungo, aricongo, arco musical e rucumbo. 

O instrumento é conhecido por ser tema de uma canção popular de Baden Powell de Aquino, grande violonista brasileiro. 

A letra da música foi escrita por Vinícius de Moraes. Considerado um dos maiores percussionistas do planeta, Naná Vasconcelos especializou-se em instrumentos brasileiros, em especial o berimbau, inclusive expandindo a sua técnica. 

Preservado na Bahia até o presente, o berimbau sempre foi um souvenir típico do estado, vendido aos turistas muito mais como adorno que como instrumento - colorido e enfeitado, bem diferente daquele que os capoeiristas utilizam.

Etimologia

"Berimbau" origina-se do termo quimbundo mbirimbau. "Urucungo" origina-se do termo quimbundo ri'kungu, que significa "cova". É uma referência à cavidade do berimbau.

Origens

Estima-se que o arco musical tenha surgido por volta de 1500 a.C.. Instrumentos derivados do arco foram encontrados nas mais diversas regiões do mundo, como no Novo México, na Patagônia, na África e em civilizações antigas, entre elas a egípcia, a fenícia, a hindu, a persa e a assíria.

Há registos do hungu, da forma que conhecemos hoje, desde tempos primitivos, em Angola.

Da África, o berimbau foi levado ao Brasil pelos escravos africanos, acabando por ser incorporado na prática da arte marcial afro-brasileira conhecida como capoeira, na qual o som do berimbau comanda o ritmo dos movimentos do capoeirista. 

Contudo, no Brasil o instrumento acabou por se disseminando para outras manifestações culturais, como na música popular brasileira do guitarrista Baden Powell e do compositor Vinícius de Morais.

Na Capoeira

O berimbau é um elemento fundamental na capoeira, sendo reverenciado pelos capoeiristas antes de iniciarem um jogo. 

Alguns o consideram um instrumento sagrado. Ele comanda a roda de capoeira, dita o ritmo e o estilo de jogo. 

São dados nomes às variações de toques mais conhecidas, e quando se toca repetidamente um mesmo toque, diz-se que está jogando a capoeira daquele estilo. 

As variações mais comuns são "Angola" e "São Bento Grande".

Na capoeira, até três berimbaus podem ser tocados conjuntamente, cada um com uma função mais ou menos definida.

O gunga toca a linha grave, raramente com improvisações. O tocador de berra-boi no começo de uma roda de capoeira geralmente é seu líder, sendo seguido pelos outros instrumentos. 

O tocador principal do gunga geralmente também lidera a cantoria, além de convidar os jogadores ao "pé do berimbau" (para inciarem o jogo).

o médio complementa o gunga. Por exemplo, enquanto o gunga toca um padrão simples de oito unidades (xxL.H.H.), o médio pode tocar uma variação de dezesseis unidades (xxL.xLHL|.xL.H.H.). 

O diálogo entre o gunga e o médio caracteriza o toque. No toque São Bento Pequeno, o médio inverte a melodia do gunga (xxH.L...), com alguma improvisação.

O viola toca a maioria das improvisações dentro do ritmo definido pelos outros dois. O tocador do violinha harmoniza e quebra para acentuar as músicas.

Não há muitas regras formais no toque do berimbau na capoeira, sendo que cada mestre de roda determina a interação entre seus músicos. 

Alguns preferem todos os instrumentos em uníssono, ao passo que outros dividem os tocadores entre iniciantes e avançados, requerendo dos últimos variações mais complexas.

A afinação na capoeira é escassamente definida. O berimbau é um instrumento microtonal, e pode ser afinado na mesma altura, variando apenas no timbre. 

A nota baixa do médio é afinada com a nota alta do gunga, o mesmo se procedendo em relação ao violinha para com o médio. 

Outros gostam de afinar o instrumento em quarteto (C, F, B) ou em tríade (C, E, G). No geral, a afinação depende da aprovação do mestre de roda.

Em 1826, o artista francês Jean Baptiste Debret retratou um tocador de berimbau em "Joueur d'Uruncungo".

Categorias

Entre os capoeiristas, há uma divisão em subtipos de berimbau.

Gunga ou berra-boi: tom mais grave.

Médio: tom médio.

Violinha ou viola: tom mais alto.

Essas categorias relacionam-se ao som, não ao tamanho. A qualidade de um berimbau não depende do comprimento do arco nem do tamanho da cabaça, mas sim do diâmetro e resistência do arco e da qualidade sonora da cabaça.

O berimbau de som mais grave conhecido por gunga também é chamado de berra-boi. 

Sendo que os dois capoeiristas mais antigos da atualidade, Mestre Ananias e Mestre João Grande utilizam a denominação de Gunga.

Toques

As variações dos toques (ritmos) do berimbau são inúmeras, entre elas:

Angola: não toca a última batida da sequência básica (xxL.H...).

São Bento Pequeno: similar ao Angola, mas com os tons altos e baixos invertidos (xxH.L...); geralmente tocado com o berimbau médio, enquanto se toca o toque Angola no berimbau mais grave.

São Bento Grande de Bimba: inventado por Mestre Bimba, geralmente tocado em um padrão de duas barras (xxL.xxH.|xxL.L.H.).

São Bento Grande de Angola: adiciona uma batida extra ao toque São Bento Pequeno (xxH.L.L.). 

São Bento Grande possui ainda uma variação regional (L.xxH.L.|L.xxH.L.L).

Iúna: toque para reverenciar aos antepassados (L-L-L-L-L-xxL-L.).

Cavalaria: usado no passado para avisar os capoeiristas da aproximação de policiais—existem variações (L.xxL.xxL.xxL.H.).

Santa Maria: uma transcrição em quatro barras dos corridos "Santa Maria" e "Apanha Laranja no Chão Tico Tico". (xxL.LLL.|xxL.LLH.|xxH.HHH.|xxH.LHL.).

Benguela: (xxL.H.H.)
Entre outros toques, destacam-se o Idalina (L.L.x.H.|xxL.L.H.) e o Amazonas (xxLLxxLH|xxLLLLLH), todos derivados do padrão básico da capoeira.

Capoeiristas também tocam samba, antes ou depois de jogarem capoeira, com toques próprios, derivados do samba de roda (xxH.xxH.xx.H.HH.).

Notação

A maioria dos toques de capoeira deriva de uma estrutura básica de oito unidades: xxL.L.L.

. = pausa
X = zumbido
L = tom baixo
H = tom alto
(...) = compasso de 2 ou 4 batidas, 8 a 16 subdivisões/unidades
(..|..) = dois ou mais compassos
(Nota: todos os caracteres possuem o mesmo tempo)

A Técnica do Berimbau Na Capoeira

Segura-se o berimbau com uma das mãos, à altura da cabaça; com a mesma mão, segura-se a moeda ou uma pedra de areia lavada que, durante o toque do instrumento, será, várias vezes, pressionada contra o arame, de forma a modificar o tom do berimbau. 

A cabaça posiciona-se à altura do abdome do tocador, pois este modifica-lhe o som, quando aproxima ou afasta a cabaça de seu corpo. 

Com a vareta na outra mão, executam-se as batidas no arame; e, na mesma mão da vareta, o tocador segura o caxixi, de forma a preencher o som da batida da vareta com o som do caxixi: uma espécie de chocalho.
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